Artes e Letras

Os Mitos Bíblicos

ou a Mitificação da Bíblia pela Música



1. Introdução

O título inicial deste artigo - Os mitos bíblicos - contém uma contradição nos termos: o adjectivo repele radicalmente o substantivo. Mito, com efeito, desde a sua raiz etimológica grega, supõe politeísmo. Ora a Bíblia é o livro que guarda a memória e a mensagem da árdua e tenaz luta do Povo Eleito pelo Deus único. É pois provocatório e tem um sabor herético qualificar de mitos os episódios metafóricos em que a Bíblia é fértil. Assim o entedia a antiquíssima tradição cristã europeia que, ainda antes da Idade Média, tendo ido buscar à filosofia grega o alicerce conceptual para a teologia, repudiava os mitos gregos como veículos de falsa teologia. Das duas formas do conhecimento clássico, adoptou cedo o logos, mas aturadamente rejeitou o mythos. A tal ponto que, só no fim do século XIV, e após a renhida polémica que Bocaccio travou com os doutores escolásticos, é que a poesia grega foi admitida como modelo da nova poesia renascentista, já que, no dizer de Alberti, “são as belas fábulas, os belos mitos que podem consolar-nos da nossa melancolia”1.

A Bíblia é venerada por judeus, cristãos e maometanos como o livro sagrado que guarda a revelação dada por Javé ao Povo Eleito. Mas se, como a fé atesta, é escrito por penas guiadas pela inspiração divina, a exegese bíblica sempre admitiu que a mensagem divina se insinuou em escritos profundamente marcados pelo tempo, e que fixaram, em geral, antigas tradições orais que se iam depurando e precipitando no inconsciente colectivo. Daí a extraordinária riqueza e variedade por vezes desconcertante dos textos bíblicos, aonde coabitam relatos históricos, estórias exemplares de sentido metafórico, códigos éticos e rituais, profecias de curto ou longo alcance, máximas sapiências, poemas sagrados. Além disso, a epopeia do Povo Eleito, ao firmar e tentar cumprir a Aliada com Javé, o Deus único, está semeada de peripécias exemplares e por vezes contraditórias, de fidelidades e traições, da procura de uma pureza sempre ameaçada, de vitórias milagrosas e de derrotas, exílios e cativeiros humilhantes. A matéria bíblica estratifica-se, assim, em diversas camadas significativas, aonde a exegese tradicional procurou sinais e sentidos sobrenaturais, estabelecida por exemplo correspondências entre o Novo e o Antigo Testamento, que firmam a fé na missão messiânica de Jesus Cristo. Foi S. Paulo quem escreveu que “O Antigo Testamento é o pedagogo que nos conduz a Cristo” (Gal 3, 23-25).

Por outro lado a palavra mito sofreu uma evolução semântica e, nos nossos tempos, reveste significados variados. Não sendo o lugar para extensas análises lembrarei apenas que, depois das teorias de Freud - vem a propósito lembrar um dos seus últimos escritos, Moisés e o monoteísmo - e sobretudo de Jung, o conceito de mito despegou-se da denotação politeísta, para se aproximar do conceito de arquétipo2. É o próprio Jung quem o disse: “Os arquétipos ... são imagens inatas do instinto e não da inteligência. Elas estão sempre lá estão sempre na origem dos processos situados no inconsciente, a aproximar dos mitos. Aí está a origem da mitologia. A mitologia é a expressão de uma série de imagens que manifestam a vida dos arquétipos. Assim a origem das religiões, da poesia, estão relacionadas com a mitificação interior que é necessária porque o homem não é completo se não for consciente deste aspecto da realidade.... Assim, no ensino da Igreja católica faz-se referência a centenas de santos. Eles mostram-nos como fazer. Eles tem as suas lendas. É isto a mitologia cristã”3.

Não quero dizer que a Bíblia seja uma mitologia (o que seria errado), mas antes que contém inúmeros arquétipos, expressão do inconsciente colectivo do Povo Eleito, que deram origem a posteriores processos de mitificação pelas artes plásticas, pela literatura, pela música. Sobretudo desde o século XVI, os movimentos de livre exame luterano, de difusão das Sagradas Escrituras em línguas vulgares, e de secularização progressiva da cultura, originaram a utilização de materiais bíblicos com fins de criação artística. E se em muitos casos essas obras de arte ainda visavam a ilustração catequética e a edificação dos fiéis cristãos, como dantes sucedia, em geral operavam verdadeiras metamorfoses (no sentido de Ovídio), até à dessacralização e mesmo à mitificação das estórias sagradas.

É deste complexo e curioso processo que vos vou falar, no domínio da música. Daí o ter completado (e corrigido) o título para: A mitificação da Bíblia pela música. Exemplificarei apenas com temas do Antigo Testamento, que deram aso a umas oitenta obras musicais existentes em disco (como se vê na breve discografia junta). Nesta lista resumida, não incluímos as composições destinadas à liturgia, as quais, naturalmente, respeitam e reforçam o carácter sagrado dos textos - e seriam às centenas! Sobre os Salmos, por exemplo, só consideramos as peças corais sinfónicas, que os transladam do templo para a sala de concertos. De resto nestas obras os textos bíblicos aparecem tais quais. E seria muito interessante verificar como, desde o Renascimento até hoje, a música tem revestido esses poemas sacros com as roupagens mais variadas, por vezes sumptuosas, contrastando com a cristalina nudez original do cantochão.

 

2. Esboço de evolução histórica

Essas oito dezenas de obras musicais abrangem quase todos os livros do Antigo Testamento, e estendem-se desde o século XII até ao nosso tempo. Se olharmos para a sua evolução histórica, veremos que de início, na Idade Média, os mistérios - de que o Ludus Danielis é a ilustração exemplar disponível - tinham uma função de divertimento e catequese dos fiéis, exponto e explicando a Bíblia, como de outro modo faziam os mosaicos bizantinos, os vitrais e as esculturas das catedrais góticas, ou os frescos proto-renascentistas.

Embora com o empolamento e a complexidade textural da polifonia, durante Renascimento conservam-se em geral os textos bíblicos originais, e só ao Maneirismo se principia a sua elaboração poética. Entretanto o fito didáctico vai, subrepticiamente, cedendo o passo à vontade de fruição estética e formal - como na colecção de madrigais espirituais de Palestrina sobre o Cântico dos Cânticos - ou de expressão dramática - como nos que Monteverdi escreveu sobre textos do mesmo livro e um passo do Livro da Sabedoria.

Com o advento do Barroco, e a invenção da ópera, da cantata e da oratória, dá-se uma verdadeira explosão de obras musicais sobre episódios bíblicos, cada vez mais manipulados pelos libretistas profissionais. Começam Caríssimi, Stradella, Marc-Antoine Charpentier e Alessandro Scarlatti, até Haendel atingir o apogeu inultrapassado. À barroca procura do grandioso e espectacular, o Século das Luzes junta, uma significativa translacção semântica. O público gosta então de ver a Bíblia não só como espectáculo edificante, mas a avalizar os ideais morais e progressistas do Iluminismo.

A metamorfose do Romantismo é outra. Agora o artista revê-se na glorificação do herói original, na sua obsessão amorosa, na sua luta pela liberdade, pessoal ou nacional. Rossini dá um passo, partindo do êxodo dos israelitas, desde o Egipto até à Terra Prometida; Verdi dá outro mais decisivo e patriótico, desde o cativeiro na Babilónia; Mendelssohn medita a visão e o poder do austero profeta; já num declínio serôdio, Saint-Saëns exalta os amores trágicos e a força hercúlea do herói frágil, e Goldmark, a luxúria exótica e também punida doutro vulnerável guerreiro. Os libretos romanceiam livremente, acrescentam intrigas amorosas, sem a menor preocupação de rigor textual e histórico.

No nosso século, a par da explosão da linguagem musical, volta, curiosamente, o respeito pelas fontes, em Honegger como em Stravinsky e Schoenberg, em Walton ou Penderecki, até ao limite do retorno ao mistério medievo, com Britten (que, todavia, também introduz a ambiguidade num momento culminante do seu Requiem de Guerra). É um círculo que se fecha, ou melhor uma revolução em espiral, numa evocação reflexiva da Bíblia pela música, em oito séculos de evolução - da linguagem, da estética e do pensamento subjacente -, ora ilustra e comenta, ora questiona ou perverte, e enfim nos restitui outra.

Sidónio de Freitas Branco Paes

 

 

1 Citado por Garin, Eugénio, Medievo e Rinascimento, Giuseppe Laterza & Figli Spa, Roma-Bari, 1954, trad, port. de Isabel Teresa Santos e Hossein Seddighzadeh Shooja, Idade Média e Renascimento, Estampa, Lisboa, 1989, p. 89.
2 De acordo com Jung, um “arquétipo” é uma forma mítica básica e destituída de conteúdo. Para os rosacruzes, é uma forma de manifestação subtil e transcendental, quer seja física, biológica, mental, etc. É um padrão radiante, ponto de luz, iluminação audível, forma e luminosidade brilhante e colorida, som e vibração, através do qual as formas materiais se condesam (N. da R.)
3 Cf. Evans, Richard, Entretiens avec C. G. Jung, Payot, Paris, 1964, p. 32.

 

 

Breve Discografia de temas bíblicos

do Antigo Testamento

 

I. Pentateuco

1. GENESIS

1.1. A Criação do Mundo

A Criação: Joseph Haydn (oratória, 1798) : DGG 435077-2 (2CDs) e Teldec 2292-4268-2 (2CDs)

A Criação do Mundo: Darius Milhaud (ballet, 1924): EMI 7546042 ou 7639452

Genesis: Heitor Villa-Lobos (ballet, 1959): Marco Polo MP 8.223357

O Paraíso Perdido: Krzisztof Penderecki (representação sacra, 1978). Adagietto: Polskie Nagrania 150.020-2

A Criação do Mundo: Bernard Parmegiani (electroacústica, 1984): INA-GRM INA.C1002

1.2. Abel e Caim

Caim e Abel: Bernardo Pasquini (oratória, 1671): Symphonia SY90501

Caim ou o primeiro homicídio: Alessandro Scarlatti {oratória, 1707): Opus111 OPS 30-75/76 (2CDs)

1.3. O dilúvio e a Arca de Noé

Noye's fludde (The Chester Miracle Play): Benjamimn Britten (ópera, 1957}: Decca

1.4. Abraão e Isaac (ca 1850 AC)

Sara tinha 90 anos: Arvo Pärt (3 solistas, orgão e percussão, 1976/90): ECM 847539-2

Abraão e Isaac: Benjamimn Britten (canticle, 1952): Decca 425716-2

War Requiem (Offertorium: “So Abraham rose”): B. Britten (oratória, 1962): Decca 414383-2 (2CDs)

1.5 Jacob (ca 1700 AC)

A Escada de Jacob: Arnold Schoenberg (oratória, 1917-22): Sony SMK 48462

Os Sonhos de Jacob: Darias Milhaud (suite coreográfica, 1949): CPO 999114-2

O Despertar de Jacob: K. Penderecki (orquestra, 1974): Polskie Nagrania 150.020-2

1.6. José (século XVII AC)

A Lenda de José: Richard Strauss (ballet, 1914): Fragmento sinfónico: Delos DE 3082

José e seus Irmãos: Anatole Vieru (11 intérpretes e banda magnética): Olympia 150419-2

José no Egipto: Étienne Méhul (ópera, 1807): Chant du Monde LDC 287.963/64 (2CDs)

2. ÊXODO (ca 1260-1220 AC)

Israel no Egipto: Georg Friedrich Haendel (oratória, 1739): Erato 2292-45399-2 (2CDs)

Moisés: Gioacchino Rossini (ópera): Versão 1819: Philips 420109-2; Versão 1827: Philips 442100-2 (2CDs mono)

Os Israelitas no Deserto: C. P. Em. Bach (oratória, 1769): Harmonia Mundi HMA 1901321

A Sarça Ardente: Charles Koechlin (poema sinfónico, 1938/45): Classical Colector 150142

Moisés e Aarão: Arnold Schoenberg (ópera, 1932): Stradivarius STR 13615/16 (2CDs)

 

II. Livros Históricos

3. JOSUÉ (ca 1220 AC)

Josué: G. F. Haendel (oratória, 1748) : Hyperìon CDA 66641/42 (2CDs)

4. JUIZES (século XII AC)

Deborá: G. F. Haendel (oratória 1733/49): Hyperìon CDA 66841/2 (2CDs)

História de Jefté: Giacomo Carissimi (oratória, 1650): Accent ACC 9059-D

Jefté: G. F. Haendel (oratória, 1752): Teldec 835499 (3CDs); Philips 422351-2 (3CDs)

Sansão: G. F. Haendel (oratória, 1743): Philips 422351-2 (3CDs)

Sansão e Dalila: Camille Saint-Saëns (ópera, 1877): EMI 7478958 (2CDs)

5. SAMUEL I e II (ca 1030 - 970 AC)

David e Jonatas: Marc-Antoine Charpentier (tragédia em música, 1688): Harmonia Mundi HMC 901.289/90 (2CDs)

Saúl: G. F. Haendel (oratória, 1739): Teldec 835687 (3CDs); Philips 426265-2 (3CDs)

Saúl e David: Carl Nielsen (ópera, 1902): Chandos CHAN 8911/12 (2CDs)

Le Roi David: Arthur Honegger (drama bíblico, 1924): Philips 425621-2

6. REIS I (ca 970 - ca 930 AC)

Judicium Salomonis: Giacomo Carissimi (oratória, -1674): Méridian CDE 84132

Judicial Salomonis: Marc-Antoine Charpentier (oratória, 1702)

Solomon: G. F. Haendel (oratória, 1749): Philips 412612-2 (2CDs)

A Sulamita: Emmanuel Chabrier (cena lírica, 1884): EMI 7540042

“Les Sabéennes” (berceuse sobre a ópera “La reine de Saba” de Gounod): Ferenk Liszt (piano): Hyperìon CDA 66571/72

A Rainha de Saba: Karoly Goldmark (ópera, 1875): Hungaroton HCD 12179/81-2 (3CDs)

Belkiss, Rainha de Sabá: Ottorino Respighi (suite de orquestra tirada do ballet, 1934): Chandos CHAN 8405

7. REIS II (ca 930-687 AC)

Elias (ca 910-855 AC): Felix Mendelssohn-Bartholdy (oratória, 1846): Philips 432984-2 ou 438579-2

Atália (ca 841-835 AC): G. F. Haendel (oratória, 1732): Oiseau-Lyre 414423-2 (2CDs)

Ezequias (ca 715-687 AC): Giacomo Carissimi (oratória, -1674): Accent Acc 9059-D

8. TOBIAS (século VII AC)

O Retorno de Tobias: Joseph Haydn (oratória, 1784) : Decca (não reeditado em CD)

Ária “Svanisce in un momento”: Fidelio 1807

9. JUDITE (provavelmente fim do século VII AC)

Juditha Triumphans: António Vivaldi (oratória, 1716: Philips 426955-2 (2CDs)

La Giuditta: Francisco António de Almeida (oratória, 1726): Harmonia Mundi HMC 901411.12 (2 CDs)

Judith Triumphans: Jean-Noël Hamal (oratória 1756): GAM 761101.02

La Bethulia Liberata: Wolfgang Amadé Mozart (espectáculo religioso, 1771): Charlin AMS 2627/28-2 (2 CDs)

Judith: Arthur Honegger (drama bíblico): versão ópera, 1925: Vanguard 08905471; versão oratória, 1927: Cascavelle VEL 1013

Judith: Siegfried Matthus (ópera, 1985): Ars Vivendi 2200239 (2 CDs)

10. ESTER (século V AC)

Esther: G. F. Haendel (oratória, 1732): Oiseau-Lyre 414423-2 (2 CDs)

11. MACABEUS I e II (175 - 134 AC)

Judas Macabeu: G. F. Haendel (oratória, 1747): Archiv (não reeditado em CD)

 

III. Livros Sapienciais

12. JOB (redigido provavelmente no início do século V AC)

Job: Luiggi Dallapiccola (drama sagrado): Sradivarius STR 10043

13. SALMOS

Salmos 2, 22, 42, 43, 55, 95, 98, 114, 115: F. Mendelssohn-Bartholdy (solistas, coro e orquestra, 1830-1844): Erato 2292.45334-2 e 2292.45390-2; Harmonia Mundi HMC 901142 e HMC 901272; Carus 83105; Gallo 090635-2

Salmo 18: C. Saint-Saëns (solistas, coro e orquestra, 1865): Adda 581165

Salmo 47: Florent Schmitt (soprano, coro, orgão e orquestra, 1904): EMI 7643682

Salmo 80: Albert Roussel (tenor, coro e orquestra, 1928): EMI 7643682

Sinfonia de Salmos: Igor Stravinsky (coral sinfónica, 1930/1952): Supraphon 111947-2

Salmos de David: K. Penderecki (coro misto e percussões, 1958): Polskie Nagrania 150.017-2

Miserere: Arvo Pärt (solistas, coro e orquestra, 1989): ECM 847539-2

14. ECLESIASTES (atribuído a Salomão, século X AC)

Vanitas Vanitatum: G. Carissimi (oratória, antes de 1674): Accent ACC 9059-D

15. CÂNTICO DOS CÂNTICOS (atribuido a Salomão, século X AC)

Canticum Canticorum: Giovanni Pierluiggi da Palestrina (ciclo de madrigais): EMI (não reeditado em CD); 9 madrigais: Christophorus CD 74512

Song of Songs: Lukas Foss (cantaria bíblica, 1947): Sony SM2K 47533

16. LIVRO DA SABEDORIA (atribuido a Salomão, século X AC)

Ab aeternum ordinata sum: Claudio Monteverdi (Selva Morale, 1640): Erato (não em CD)

 

IV. Livros Proféticos

17. DANIEL (século VI AC)

Ludus Danielis: Anónimo (drama litúrgico, 1140): Fonè 88FO9-29

Nabucco: Giusepe Verdi (ópera, 1842): EMI 7474888 (2 CDs); DGG 410512-2 (2 CDs)

A Fornalha Ardente (The Burning Fiery Furnace): B. Britten (Parábola de Igreja, 1966): Decca 414663-2

Belshazzar: G. F. Haendel (oratória, 1744): Teldec 835326 (3 CDs)

O Festim de Baltasar: Jean Sibelius (música de cena, 1906): RCA 09026.60434-2

O Festim de Baltasar: William Walton (oratória, 1931): EMI CDC 7476242 Chandos CHAN 8760

A Susana: Alessandro Sradella (oratória, 1666): EMI (não reeditado em CD)

18. JONAS (século VIII AC)

Jonas: G. Carissimi (oratória, antes de 1674): Accent ACC 9059-D; Erato 2292-45466-2




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