Artes e Letras

Leonardo Da Vinci e os Rosacruzes

Após várias existências de saber experimentado, veio de novo ao mundo em 15 de Abril de 1452, na localidade de Vinci, próximo de Florença, na Itália, um ego de elevada estatura espiritual a quem deram o nome de Leonardo.

Conhecido universalmente pelas geniais obras, Leonardo deixou-nos um legado imenso e variado no campo das diversas artes: da arquitectura à escultura, passando pela pintura. A sua grande capacidade epigenésica permitiu-lhe contribuir para o desenvolvimento das ciências com inventos tecnológicos. Desenvolveu projectos que na época estavam avançados mais de 400 anos. E ainda teve tempo para se dedicar ao cultivo da música e das ciências militares. A anatomia e a fisiologia também o interessaram. As suas investigações nestes domínios levaram-no mesmo à descoberta das causas de algumas doenças.

À semelhança de Paracelso, Leonardo entende que a teoria deve resultar da prática, sendo esta, para ele, a mola real do progresso. Neste domínio, como noutros, esteve muito à frente do seu tempo.

Outro rosacruz, Francisco Bacon (1561-1626), viria mais tarde a preconizar este célebre método científico, o qual teve como precursores, além do próprio Leonardo (1452-1519), o célebre, Paracelso (1463-1541).

De acordo com a Escola Rosacruz, Leonardo defendeu a interligação entre as ciências, as artes e a metafísica, admitindo que só nessa concepção pansoística se conseguiria desvendar os mistérios do Universo criado por Deus.

A figura de Leonardo lembra-nos a de Fausto, a célebre personagem de Goethe, não só pelo seu aspecto fisionómico, como pela sua vida e obra.

Com efeito, o autor da Gioconda seguiu a via rápida ascensional do alquimista iniciado, sempre ávido de aumentar o seu saber e colocá-lo ao serviço da humanidade. Reconhece, em dado passo, o valor da música na arte de curar; atribui ao nosso planeta uma idade muito superior à que os escolásticos admitiam como verdade, e é mesmo partidário da teoria de Galileu (1564-1642), que tinha proclamado o Sol, e não a Terra, o centro do sistema solar.

No célebre esquema da proporção do corpo humano que ele idealizou lá vemos o círculo (a rosa) e a cruz, além do pentagrama, que faz a ligação simbólica e subtil entre uma e outra.

No campo filosófico, Leonardo defende a teoria dos renascimentos – tal como na concepção rosacruciana –, e da manifestação do Verbo nas diversas formas que existem no Universo – deixando perceber tudo isto no seu hino ao Sol. Numa tela, Leda e o Cisne, cujo original está hoje desaparecido, deixa-nos perceptível outro sinal da sua iniciação.

Consciente do seu real valor, face ao nível tão elevado de altruísmo, ele próprio disse que o seu "rosto era o cárcere do Amor"; frase que encerra muito conhecimento esotérico. Ele, que tinha como lema: "on mi sazio di giovare", isto é, não me canso de ajudar, foi, e ainda hoje continua a ser, por vezes, incompreendido e, pior ainda, difamado. No fundo, isso acontece a todos quantos realmente seguem Cristo, em obras e em Verdade; tal como Ele são perseguidos e difamados por críticos cujo "conhecimento" é meramente opinioso e nada mais. Algumas dessas calúnias feriram-no gravemente, ocasionando grave depressão.

Pelo que ficou dito e ainda mais pelo que não dissemos, acabou por "nascer" para "o santo etéreo monte", em 1519, em Amboise, no centro da França, como cidadão universal – ou não fosse ele um iniciado rosacruz.

Em 2002 comemorámos o 550º aniversário do seu nascimento físico. Estudemos agora sua vida e obra, mas procuremos usar nesse estudo o método epigenético, aquele que nos abre caminho para o enriquecimento espiritual, que o mesmo é dizer esforçarmo-nos por ajudar a construção de um mundo melhor em todos os domínios: das ciências, das artes e das religiões.

Não esqueçamos que o rosto é o "cárcere do Amor" e que Ele é a fonte de libertação.

D. D. C.

 

 

N. do A. Na Exposição Universal de Paris, em 1894, esteve patente ao público uma gravura intitulada "Rose-Croix", Rosacruz, em que o Mestre dos Templários, Hug de Payens, é retratado com a figura de Dante, outro rosacruz, e José de Arimateia com a de Leonardo da Vinci.




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